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    O melhor professor do mundo

    O melhor professor do mundo

    1/24/2020


    O melhor professor do mundo é aquele que faz quilómetros e quilómetros, todos os dias. De casa para a escola e de uma ideia para a outra. E que, em vez de se estafar ou esbaforir, nunca desiste de se apaixonar (mais e mais) por ser professor.


    O melhor professor do mundo é aquele que, a cada coisa que uma criança lhe conte, agasalha as histórias e lhe adivinha os sentimentos. E, delicadamente, escuta. E tem a cortesia de aconselhar. Sem que se dê por isso.


    O melhor professor do mundo, quando sente que lhe faltam as condições para ensinar, inventa-as. E quando os materiais rareiam, recria-se. E aprende, quando dá a aprender. E, quando se põe em dúvida ou vacila em relação a tudo o que a escola lhe confia, apura aquilo em que acredita. E vai. E sabe que as crianças não aprendem com aquilo que se diz: descobrem com os exemplos que adivinham.


    O melhor professor do mundo comove-se quando uma criança o descreve como “simpático”. “Baba-se” (de vaidade!!) quando desconfia que os alunos gostam de si. E “perde a compostura” quando algum deles lhe confia um desabafo ou um segredo. Ele é um brincador. E um apanhador de sonhos. Desconcentra, pelo entusiasmo com que dá. E desarruma, pela gratidão com que divide. 


    O melhor professor do mundo é aquele que se entusiasma e se comove. Que nunca é imparcial, quando se trata de conhecer. E que, mesmo quando sente que repete, reinventa. É aquele que conversa. E, entre “o programa” e a paixão, vai por aquilo que intui e desafia. Porque ele sabe que, na escola, cada segundo que não se vive é um gracejo com a eternidade que se perde.


    À poluição luminosa, o melhor professor do mundo prefere as estrelas. E aceita, até, ser uma delas. Porque acredita que cada estrela que se descobre é um escuro que se conquista. Por onde se vai - sempre! - mais fundo. E se vê mais longe.


    Ao melhor professor do mundo nunca é indiferente o olhar de um aluno. Tenha ele picos ou o aconchegue. Seja áspero ou aninhado. Ou assustado. Ou, mesmo, vago. Porque ele sabe que quem olha pergunta, muito antes de falar. E que quem sente vê. Antes de ver.


    O melhor professor do mundo não passa sem as crianças e cansa-se com elas. Barafusta com a escola e desencanta-se se não a tem. É por isto que eu acho que os professores que são únicos e irrepetíveis, aqueles que se guardam no coração e nunca se esquecem, nunca são professores. São uma mão e um mundo que se dão. E que se guardam. Para nunca mais se desencontrarem ou se perderem!


    Por Eduardo Sá


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