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    Dia Internacional das Línguas Gestuais

    Dia Internacional das Línguas Gestuais

    8/15/2021

    Habituámo-nos a ver os intérpretes de Língua Gestual nas conferências de imprensa políticas e nas relacionadas com calamidades, bem como em certas comunicações dos governantes ao país... Habituámo-nos a vê-los em programas de televisão, traduzindo para a Língua Gestual os discursos proferidos. Habituámo-nos, em muitas escolas, a testemunhar o uso da Língua Gestual por alunos com incapacidade auditiva total ou parcial e por professores.

    Estas circunstâncias trouxeram uma nova língua para o nosso seio. Uma língua com um código feito de gestos e uma gramática próprios. Uma língua que, sabemo-lo, é um fator de inclusão na escola e na sociedade em geral. E, talvez por isso, devesse a Língua Gestual Portuguesa ser estudada em todos os cursos de formação de professores, capacitando os futuros docentes para lidar minimamente com eventuais alunos portadores de deficiência auditiva, de um modo satisfatório do ponto de vista da comunicação.

    O Dia Internacional das Línguas Gestuais celebra-se anualmente a 23 de setembro.

    Estima-se a existência no mundo de 72 milhões de pessoas surdas, as quais, na sua comunicação, dispõem de 300 diferentes signos linguísticos.

    Ao celebrar-se o 23 de setembro, pretende-se pois colocar a linguagem gestual, com o seu léxico próprio e limitado, num plano de relevância semelhante ao das línguas faladas.

    Pela minha parte, e enquanto criador, fascina-me também o lado poético desta Língua. Por exemplo, o ter testemunhado o seu uso enquanto elemento de expressão estética (e não apenas na dimensão da tradução) no belo espetáculo teatral “Andante (des)Concertante”, da Associação Andante, que em parte fazia uso de poemas meus ligados à árvore. Com projetos invariavelmente marcados pela qualidade, a Andante é hoje um dos mais importantes grupos teatrais de promoção da poesia e da leitura em Portugal, para todos os públicos, incluindo bebés, e foi merecidamente distinguido com o Prémio Ler+ 2019 do Plano Nacional de Leitura.

    Cativa-me, igualmente, a utilização da Língua Gestual na tradução de poesia de curta extensão, poesia muito feita de nomes concretos e duma referencialidade relativamente objetivável. Tenho-a visto usada, por exemplo, na tradução de haikus ou haicais (a forma poética breve de origem japonesa, com três versos apenas e um total de dezassete sílabas métricas, ligada aos elementos naturais e à captação do instante).

    Esta chegada da Língua Gestual ao domínio estético, a beleza visual do próprio código gestual constituem, sem dúvida, uma conquista e uma realidade a valorizar. 


    João Pedro Mésseder


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