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    O mundo eletrónico dos estudantes do 3.º Ciclo e do Secundário

    O mundo eletrónico dos estudantes do 3.º Ciclo e do Secundário

    2/10/2021


    De 4 em 4 anos, o SICAD promove o Estudo sobre o Consumo de Álcool, Tabaco, Drogas e outros Comportamentos Aditivos e Dependências (ECATD-CAD), aplicando o questionário ESPAD junto de amostras representativas dos alunos do ensino público português com idades entre os 13 e os 18 anos. A presente edição, com dados de 2019, contou com a participação de 26 319 alunos de 734 escolas localizadas em todas as regiões de Portugal Continental e das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira.

    Para além das questões sobre o consumo de substâncias psicoativas, o questionário inclui perguntas acerca de comportamentos potencialmente aditivos - como a utilização da Internet em redes sociais e o jogo eletrónico.

    Uma das grandes conclusões do estudo é que praticamente todos os alunos (96%) acederam a redes sociais digitais na semana anterior à inquirição, enquanto uma grande maioria (72%) jogou videojogos no último mês.

    Entre os inquiridos, a participação em redes sociais digitais é uma prática cada vez mais massificada, tendo-se verificado um aumento considerável (+ 5 pontos percentuais) entre 2015, o ano da edição anterior do estudo, e 2019, tendo o aumento sido maior precisamente entre os alunos mais novos. De facto, atualmente, a percentagem de alunos de 13 e 14 anos que frequenta redes sociais digitais é avassaladora: 89% e 93%, respetivamente.

    Aos fins-de-semana, feriados e em período de férias, a utilização de redes sociais na Internet tende a ser uma prática que ocupa boa parte do dia dos alunos, na medida em que 55% dos inquiridos declaram passar 4 horas ou mais diárias nestas plataformas. Em contrapartida, a percentagem que faz o mesmo em dias de escola é bem menos expressiva (32%). A Região Autónoma dos Açores destaca-se das restantes regiões do país por ser aquela onde a participação em redes sociais digitais tem uma menor dimensão.

    Em comparação com as redes sociais, a prática de jogar videojogos, seja online ou offline, é menos prevalente e tende a ocupar menos tempo diário dos alunos. Ainda assim, a percentagem que, no último mês, passou 4 ou mais horas diárias a jogar jogos eletrónicos é de 29%, no caso de dias sem escola, e 11%, em dias de escola. Por outro lado, na semana anterior à inquirição, um terço dos alunos jogou videojogos em 4 ou mais dias, o que indicia uma prática diária ou quase diária.

    Ao contrário das redes sociais, o jogo eletrónico é uma prática vincadamente masculina, sendo também os rapazes quem passa mais tempo diário a jogar videojogos. Mais uma vez, os alunos da Região Autónoma dos Açores são aqueles que menos jogam este tipo de jogos.


    Em suma, entre os alunos, a crescente participação em redes sociais digitais revela que o mundo dos jovens portugueses é cada vez mais eletrónico, mesmo em idades tão precoces quanto os 13 e os 14 anos. A prática do jogo eletrónico, não sendo tão prevalente, tem uma dimensão assinalável, nomeadamente entre os alunos do sexo masculino.

    No entanto, é sabido que estas práticas não são em si mesmas uma fonte inevitável de problemas, dependendo as consequências do tempo que cada um gasta e, sobretudo, da forma como lida com estas atividades. Assim, se a percentagem assinalável de alunos que declaram passar 4 ou mais horas diárias nas redes sociais e a jogar videojogos obriga a alguma reflexão e não pode deixar de ser lida com alguma preocupação, também é verdade que o facto de a sua prevalência ser bem maior em dias sem escola do que em dias de escola é, de alguma forma, um bom indicador.

    Finalmente, é importante tomar em consideração que o estudo foi concluído antes da atual pandemia de COVID-19, e tudo indica que, com o confinamento, a participação em redes sociais digitais e a prática de jogo eletrónico terão crescido ainda mais entre os jovens. O próximo estudo, que se realizará em 2023, permitirá confirmar esta tendência, sendo certo que o futuro é cada vez mais digital e virtual, com tudo o que isso tem de bom e de mau.

    Mais informações sobre o estudo em: http://www.sicad.pt/PT/EstatisticaInvestigacao/EstudosConcluidos/Paginas/detalhe.aspx?itemId=221&lista=SICAD_ESTUDOS&bkUrl=/BK/EstatisticaInvestigacao/EstudosConcluidos


    Autoria: Vasco Calado eElsa Lavado

    Divisão de Estatística e Investigação / SICAD


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