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    O Oceano e Sustentabilidade

    O Oceano e Sustentabilidade

    1/24/2022

    Cerca de 360 milhões de quilómetros quadrados de água salgada unem mais de 7,6 mil milhões de pessoas. Uma sociedade global que depende do oceano para existir, porque precisamos do oxigénio que produz para respirarmos e por ser fonte de alimento, de energia, de minerais e de recursos para fins medicinais. O oceano, onde a vida começou, é o principal responsável pela manutenção do equilíbrio do planeta: alimenta e regula o ciclo da água, regula o clima da Terra, recicla e absorve gases poluentes e abriga a maior diversidade de vida e de ecossistemas.

    Apesar de ser o mais importante recurso natural, é também um dos mais afetados pela ação humana. O crescimento da população, a pressão nas zonas costeiras, as alterações climáticas, a extinção massiva de algumas das mais emblemáticas espécies marinhas, a exploração desregrada dos recursos marinhos e a poluição são as principais ameaças à sustentabilidade do oceano e do planeta.

    Face aos desafios e à importância do desenvolvimento socioeconómico do século XXI, é da maior relevância promover a literacia ambiental, e a sustentabilidade é um princípio basilar para a sobrevivência da espécie humana.

    É neste enquadramento que, em 25 de setembro de 2015, a Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas adotou a «Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável», que visa a erradicação da pobreza e o desenvolvimento económico, social e ambiental à escala global. Com o objetivo de criar outro caminho para o futuro da humanidade, que garanta uma vida sustentável, pacífica, próspera e equitativa na Terra para todos, agora e no futuro, traçaram-se 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

    Universais, transformadores e inclusivos, os ODS descrevem os principais desafios para o progresso da humanidade, estabelecem os limites ambientais e definem restrições à utilização dos recursos naturais. Abordam ainda as principais barreiras sistémicas ao desenvolvimento sustentável, como a desigualdade, os padrões insustentáveis de consumo, a falta de capacidade institucional e   a degradação ambiental. Para atingir estes objetivos, é necessário que todos se envolvam: governos, setor privado e sociedade civil.

    Garantir um desenvolvimento sustentável é reconhecer o oceano como responsável pelo equilíbrio da vida na Terra e implica uma profunda transformação na maneira de pensar e agir. Por isso, é essencial formar crianças e jovens com conhecimentos, capacidades, valores e atitudes, ou seja, competências que contribuam para um futuro em equilíbrio com a natureza. A educação é, pois, crucial para que os alunos se tornem agentes de mudança, tomem decisões informadas e conscientes e ajam de forma responsável pela integridade ambiental, pela viabilidade económica e por uma sociedade justa, em nome das gerações presentes e futuras.

    Como refere a Estratégia Nacional de Educação para a Cidadania, «o futuro do planeta, em termos sociais e ambientais, depende da formação cidadã das crianças, para que no futuro sejam adultos com uma conduta cívica, com competências e valores não apenas para compreender o mundo que os rodeia, mas também para procurar soluções que contribuam para nos colocar na rota de um desenvolvimento sustentável e inclusivo”.

    Apesar de os países e das instituições mundiais promoverem cada vez mais a literacia do oceano, alguns estudos demonstram que os cidadãos ainda não estão familiarizados com as questões associadas ao oceano e com os problemas ambientais que o afetam. Por exemplo, a maioria das crianças e dos jovens em idade escolar não consegue explicar a importância do oceano, para lá de respostas como «sem mar não conseguiríamos viver», «é lá que os animais vivem” e «dá-nos peixe”. Esta falta de literacia deve-se, entre outros motivos, à falta de uma educação virada para o mar, nas escolas e nos currículos escolares. Na promoção da literacia do oceano é essencial uma perceção real dos desafios, para que se desenhem e implementem estratégias que coloquem a educação sobre o oceano no currículo escolar – e se forme uma geração azul.

    Na Europa, identificaram-se vários pontos críticos para pôr em prática uma educação virada para o oceano: a forma como o conhecimento é transmitido e adquirido, as políticas e estratégias usadas, a cooperação das entidades interessadas, a capacidade de intervenção da educação formal e a ligação da sociedade ao oceano e à economia azul.

    Em Portugal, é premente sensibilizar para a urgência de educar para o oceano e desenvolver um plano nacional que implemente o seu ensino. Para criar uma geração ligada ao mar, urge ultrapassar as principais barreiras no ensino deste tema, nomeadamente a escassez de cursos de formação para professores – e de recursos educativos e atividades –, a difícil articulação com o currículo escolar e a incapacidade de demonstrar à sociedade portuguesa a importância do oceano.

    Assim, os alunos devem ser envolvidos de forma clara, objetiva e consistente, para que possam ter uma voz ativa, esclarecida e participativa na discussão de assuntos ambientais relacionados com o oceano. Com autonomia, consciência e responsabilidade (individual e coletiva), devem conseguir identificar os problemas e fazer parte das soluções.


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