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O futuro será a aprendizagem híbrida?
9/8/2021
A pandemia da COVID-19 provocou uma migração em massa do ensino presencial para o que se convencionou chamar de ensino remoto emergencial. As escolas não passaram, necessariamente, a utilizar ambientes virtuais de aprendizagem, mas plataformas de web conferência, em que as aulas passaram a ser “transmitidas”. Muitos professores reproduziram suas aulas expositivas e os alunos passaram a assistir às “mesmas” aulas, mas não mais nas salas — agora em suas casas. Ferramentas e atividades assíncronas disponíveis em ambientes virtuais de aprendizagem, como fóruns de discussão, glossários, wikis e tarefas, foram ignoradas. Afinal, os professores que migraram do ensino presencial não tinham, naturalmente, a consciência de que a educação a distância não precisa ser sinônimo de aula expositiva síncrona, de que os tempos são outros. Toda a centenária e rica teoria de aprendizagem em educação a distância, que nos ensina, dentre outros pontos, a não reproduzir o presencial, foi ignorada.
Ficou também evidente, durante a pandemia, que é necessário trabalhar as competências digitais não só dos professores, mas também dos alunos e gestores das escolas.
Com a pandemia, vivenciamos também que é possível fazer educação a distância sem conteúdo pronto. Ou seja, o improviso e a prática sem fundamentação teórica acabaram nos iluminando que educação a distância não precisa implicar a exclusão da docência do processo de ensino e aprendizagem, com a transformação do professor em um mero conteudista. Os professores podem ser autores e docentes na educação a distância, interagindo com seus alunos.
Outro ponto para o qual a pandemia nos chamou a atenção é a importância da educação aberta. Para enfrentar uma crise mundial, muitas organizações se abriram, como empresas de produção de conteúdo, editoras e as próprias escolas. Houve um reconhecimento social de como é essencial para o progresso da educação compartilharmos recursos.
O blended learning ou a aprendizagem híbrida já vinha sendo estudada e praticada antes da pandemia da COVID-19. É natural conceber que o futuro da educação pós-pandemia envolva uma combinação entre o ensino presencial e a distância. E é também provável que as teorias do blended learning disponíveis não sejam suficientes para fundamentar as práticas que devem se estabelecer no novo contexto da educação. A pandemia parece nos sinalizar que caminhamos para uma educação híbrida, em que os alunos terão parte de suas aulas nas escolas e parte em casa, a distância, utilizando tecnologias diversas e a internet. E para fundamentar a teoria e a prática desse novo blended learning, precisaremos de novas teorias, que poderão ser desenvolvidas por meio de pesquisas que utilizam a teoria fundamentada.
João Mattar
Licenciado em Filosofia e Letras, com especialização em Administração e Teaching and Learning in Higher Education é mestrado em Tecnologia Educacional e possui um Doutoramento em Literatura. É vice-presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional e diretor da Associação Brasileira de Educação a Distância.
Autor de diversos livros, é também professor e coordenador do curso de pós-graduação online em Inovação em Tecnologias Educacionais na Universidade Anhembi Morumbi.
Consultor, palestrante e formador nas áreas da Tecnologia Educacional e da Educação a Distância, dedica-se, ainda, à produção de material didático.