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    Dia Internacional do Acesso Universal à Informação

    Dia Internacional do Acesso Universal à Informação

    8/15/2021

    Acesso universal à informação? Como?

    Pois através de uma administração pública aberta, em que não existam obstáculos ao conhecimento das situações legais respeitantes ao cidadão, dos direitos que lhe assistem e da forma como estão ou não a ser respeitados. Uma administração que informe devidamente sobre o modo de resolução dos problemas de cada um e da tramitação de tais processos. Até porque essa tramitação revela-se às vezes tão opaca, tão morosa, seja no plano autárquico, seja na administração pública em geral, que o desespero nos assalta. Uma administração pública aberta é, além do mais, a que está ciente de que os seus serviços e pessoal são suportados pelos impostos dos cidadãos, e é por isso capaz de manter uma comunicação empática com os mesmos, tanto no trato direto pessoal como através de plataformas informáticas também elas claras e “empáticas”.

    Mas é evidente que o direito universal à informação abrange também a questão dos media. Irina Bokova, diretora-geral da UNESCO, alerta: “Num mundo globalizado, este direito deve ser partilhado offline e online; a revolução digital deve ser uma revolução do desenvolvimento, fundada na força potenciadora das novas tecnologias da informação e da comunicação, ao serviço da inclusão e da inovação.”

    Importa a nosso ver sublinhar que a tão necessária educação para os media não deve ser apenas direcionada para os media que nos couberam em sorte – por exemplo jornais, televisões e sites de informação que, escudados em insidiosas “escolhas editoriais”, faltam amiúde à verdade, à busca da objetividade e ao pluralismo, não hesitando em enveredar pelo sensacionalismo, pela deturpação de factos e pela manipulação. Que a educação crítica para os media permita também ter a consciência de que estes são quase sempre propriedade de quem, acima de tudo, pretende vender um produto, com todas as implicações inerentes. E que essa educação leve, por outro lado, a pensar em media alternativos e desejáveis numa sociedade menos imperfeita, mais inclusiva e mais democrática.

    Num mundo globalizado e dominado pela tecnologia, em que se propagandeia o acesso livre a todo o tipo de informação, é paradoxal reconhecer o défice de informação de muitos e a efetiva falta de comunicação entre os seres humanos, cada vez mais confinados e isolados, e vidrados na tristeza de um pequeno ecrã.

    Talvez o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação decretado pela UNESCO nos leve, pelo menos, a meditar sobre estes e outros temas e a ser mais exigentes em relação à qualidade da informação veiculada pelos media (incluindo a imprensa e a comunicação televisiva), pela administração do estado e pelas empresas.

     

    José António Gomes

    Professor da Escola Superior de Educação do Porto

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