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5 regras para mediar os conflitos das crianças
10/1/2019
O conflito faz parte da vida e das relações com os outros, mas isso não significa que os mesmos não possam ser abordados de uma forma produtiva e positiva. Gerir os conflitos com diretrizes claras ajuda as crianças a resolver os seus conflitos de maneira pacífica e respeitosa. Neste artigo iremos partilhar algumas dicas para ajudá-lo a mediar, de forma pacífica, os conflitos entre crianças.
1.ª Diretriz – Acalmar
Quando ocorrem conflitos, incentive as crianças a pararem, a afastarem-se e a acalmarem. Um erro muito comum dos adultos, quando querem ajudar a resolver conflitos, é solicitarem que as crianças falem sobre os problemas sem se acalmarem primeiro. Faça com que as crianças envolvidas no conflito respirem fundo algumas vezes, bebam água ou façam uma corrida, de forma a ficarem mais tranquilas. Quando os ânimos estiverem mais calmos, pode orientar as crianças para o próximo passo.
2.ª Diretriz – Falar sobre o conflito na primeira pessoa e não no papel do outro Diga às crianças envolvidas que cada uma terá a oportunidade de referir/ mencionar o que as está a incomodar, isto é, a gerar o conflito em questão. Relembre ou reforce a importância de o fazerem e de escutarem a opinião do outro de forma respeitosa, sem interrupções. Depois, peça a cada criança que conte o que se passou na primeira pessoa, isto é, “eu estou chateado porque senti xxx quando xxx” em vez de "ele fez xxx". Exemplo: “Estou chateado porque o João pegou no comando da televisão sem perguntar, enquanto eu estava a ver”. Uma frase deste tipo é menos acusatória do que uma frase do género “Devolve-me o comando! É meu! Parvo!”.
3.ª Diretriz – Ouvir e dizer/ repetir o que ouviu
Neste passo, guie as crianças pedindo-lhes que repitam ou que digam usando as suas palavras o que a outra criança acabou de dizer. É importante que as crianças percebam que, ao ouvirem e repetirem o que o outro diz, não significa que concordam com ele, mas sim que o respeitam, que o ouvem e que a partir daí se torna mais fácil resolver um problema e encontrar uma solução.
4.ª Diretriz – Assumir a responsabilidade no conflito
Pergunte a cada criança envolvida: “Qual a tua responsabilidade neste conflito? O que poderias ter feito de forma diferente?”. É importante que ambas as crianças assumam a sua parte da responsabilidade do que aconteceu. Neste passo, é importante que o adulto permaneça neutro, incentivando as crianças a expressarem honestamente os seus papéis nas várias fases do conflito e na respetiva solução.
5.ª Diretriz – Ajude a criar uma solução justa para todos
Pergunte às crianças o que podem fazer para resolver o conflito e impedir que uma situação semelhante possa acontecer no futuro. Neste passo, é fundamental que o adulto se abstenha de fornecer possíveis soluções que possam funcionar. Em vez disso, deve permitir que sejam as crianças a criar as suas próprias soluções. Para facilitar que as crianças se comprometam com a resolução do conflito pode, por exemplo, escrever a solução a que as crianças chegaram e pedir que ambas assinem, comprometendo-se assim a cumprir o acordado.
6.ª Diretriz – Afirmar, perdoar, agradecer ou pedir desculpa
Pergunte às crianças se haverá alguma coisa que elas gostariam de dizer uma à outra, ou se gostariam de “apertar as mãos”. Se houver um pedido de desculpa acordado, pergunte: “Estás preparado para pedir desculpa?”. Caso a criança não esteja preparada, pergunte-lhe se pode pedir mais tarde, quando estiver mais calma. Forçar um pedido de desculpa origina “gestos forçados” e momentos pouco genuínos.
Ao orientar as crianças na utilização das seis diretrizes para mediar os seus conflitos, incentive-as a usar, respeitar e cumprir as seguintes regras:
- 1. Tratar o outro com respeito, sem o culpar ou “deitar abaixo”.
- 2. Salientar o problema e não a pessoa.
- 3. Não utilizar linguagem corporal ou expressões faciais negativas.
- 4. Estar disposto a comprometer-se e a arranjar uma solução para o conflito.
- 5. Ser honesto.
IMPORTANTE: mediar os conflitos com as crianças pode ser um método bastante eficaz para lhes ensinar competências de resolução de problemas e de conflitos. É importante não esquecer que as crianças observam tudo o que os adultos fazem, toman-do-o como referência para as suas atitudes e ações. Para tal é fundamental que resolva os seus conflitos de forma semelhante, mostrando às crianças que é possível resolver estas situações de forma respeitosa e pacificadora. A mediação e a modelação são, efetivamente, ferramentas poderosas para ajudar na gestão emocional da criança e, como tal, devem ser usadas com consciência daquilo que está envolvido, assumindo-se assim como ferramentas muito eficazes no desenvolvimento das competências sociais e emocionais das crianças.
Por Carla Marques