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Deste lado do planeta, abrimos uma torneira e a água sai cristalina, fria ou quente, com maior ou menor pressão. A água é consumida muitas vezes indiscriminadamente, sem consciência de que estamos a lidar com um bem precioso porque cada vez mais escasso.

Do outro lado do mundo não há torneiras, nunca ninguém as viu. A água é um bem raro e de difícil acesso. Todos os dias famílias inteiras seguem em missão em direção a rios ou fontes para recolher este bem necessário à sua existência. Transportam-nos em baldes, jerricãs ou garrafões. Trazem-nos em braços, com a ajuda de animais ou à cabeça. São muitas vezes mulheres e crianças que o fazem. E nós esquecemo-nos de uma torneira aberta com a facilidade de quem se distrai e nunca reconheceu os privilégios que tem.

Deste lado do mundo, deita-se lixo para a água, poluem-se rios e oceanos sem pensar muito nisso, porque a corrente leva tudo para longe dos nossos olhos. Enquanto isso, do outro lado do mundo, luta-se pela descoberta de água potável e adoece-se pela sua falta.

Deste lado do mundo, há casas de banho antisséticas e esgotos que levam para longe dejetos e maus cheiros. Do outro lado do mundo, a casa de banho é ao ar livre e todos convivem com as consequências da decomposição de dejetos. Lá, não há direito à privacidade e à intimidade.

Estas realidades coexistem no mesmo planeta e todos temos de ser responsáveis por uma distribuição e gestão mais equilibrada da água potável. Mais uma vez, o primeiro passo reside na consciencialização e, mais uma vez, a escola assume um papel fundamental neste plano. Disciplinas das áreas das ciências poderão contribuir para um conhecimento científica destas realidades e para a abordagem estruturada das consequências de uma má gestão das águas. A mudança de atitudes, que poderá ser trabalhada em qualquer área do conhecimento,  pode ser fundamental para assegurar um futuro sustentável no plano da gestão e distribuição das águas.

A promoção de ações diretas junto das populações mais desfavorecidas pode orientar-se no sentido de lhe proporcionar condições de higiene mais adequadas e respeitosas. Há várias ações de campanha orientadas para estes fins. A escola e os seus alunos poderão apadrinhar ideias como estas ou criar as suas próprias.

O altruísmo não se esgota e faz de nós pessoas melhores.

Carla Marques