Blog

Categorias

    Saúde mental não é estar feliz a toda a hora

    Saúde mental não é estar feliz a toda a hora

    6/18/2024

    Saúde mental não é estar feliz a toda a hora. Nem pespegar um sorriso no rosto, por mais que nada nele corresponda aquilo que se sente. Nem declarar que somos “resolvidos”. Ou mascarar com autoestima as inseguranças “vencidas” no folheio dum livro de autoajuda por onde se passou.


    Saúde mental significa sermos verdadeiros. Com aquilo que sentimos e com os outros. Sermos menos pensativos e mais espontâneos. Convivermos com a diversidade dos pensamentos de que somos capazes. E com as contradições que ela nos traz. E esmiuçar. E escarafunchar, no meio de tudo isso que se move, um veio de luz com que se aviva uma convicção que liga e liga. E nos remexe.


    Saúde mental é estarmos stressados por parvoíces. Haver dias de “nervoso miudinho”. Estarmos tristes. Termos fúrias. Mas não se ficar nem pela raiva nem pela mágoa. É escutar o corpo, quando ele fala sempre que a mente se constipa. E conversar com aquilo que se sente. Porque sem a palavra que nos escapa falta o essencial com que se desfia e se costura todo o pensar.


    Saúde mental é trocar a resignação pelo desassossego. E a procrastinação pelo entusiasmo. É reconhecer que somos sensíveis e somos amáveis. E comoventes. E intuitivos. Embora parvos, às vezes. E aquém do amor. Sempre que ele se vive com favor.


    Saúde mental é sermos sensíveis à beleza. Porque ela liga e nos transforma. É reconhecer que só a comunhão nos torna jovens. Que só ela nos comove. E nos leva ao encanto. Pelo júbilo dentro. Ou de festa em festa. E só assim se vence o medo.

     

    Saúde mental é não usamos nem o pretérito nem o condicional quando queremos ser felizes. É poupamos no “eu queria” ou nos “eu gostava”. E não fazer como quando as crianças fazem de monstros ou de heróis, mas, antes, avisam: “agora, eu era”. Como se o melhor de nós fosse cada “faz de conta” que não nos deixa ser quem somos. 


    Saúde mental é dar tempo à impetuosa necessidade de crescer. É chorar sem vergonha. E não desencorajar o rir. E, mesmo quando tudo nos convida a desistir, é casar a memória com o desejo. Uma a uma, ousar lavrar cada mudança. Mesmo que, depois de outro falhanço, nos perguntemos, se ainda assim, queremos, só mesmo, ir. E vamos. E vamos. E voltamos a ir.


    Por Eduardo Sá



    • Escola
    • Perfil do Aluno