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    Novembro, um nove sensível

    Novembro, um nove sensível

    10/9/2021

    Nasceu muito enroladinho sobre si mesmo. Era uma bolinha muito redondinha e muito rechonchuda. Veio gordinho e robusto e todos o consideraram um bebé lindo e saudável.

    Era o nono da família dos meses e, por isto mesmo, os pais decidiram chamá-lo nove (em latim dizia-se novem), e com este nome ficou. Não podemos dizer que a família dos meses fosse muito criativa nesta tarefa de atribuir nomes aos seus filhos. Mas também ter um filho todos os meses destrói a originalidade de qualquer um! Foi por esta razão que novem, que era uma alma sensível, mal ouviu pela primeira vez o seu nome espirrou e chorou. E fê-lo com tal força que da bolinha que ele era se soltou uma haste que transformou o seu corpo no número nove. Passou a ser um nove de corpo e alma. Era o seu destino.

    Ao longo da vida, novem manteve sempre este caráter frágil, com as emoções à flor da pele. Chorava por tudo e por nada e espirrava frequentemente, ora discretamente ora com tanta força que se ouvia do outro lado do mundo. É foi assim que, no hemisfério norte, 0nde novem morava o mês de novembro passou a ser o mês da passagem do outono para o rigor do inverno. As suas lágrimas e os seus espirros anunciavam a mudança de estação.

    E não queiram imaginar como ele chorou quando os irmãos janeiro e fevereiro chegaram e decidiram que ele já não seria o nono mês, mas o décimo primeiro… Nesse ano, o inverno foi rigoroso como nunca tinha sido antes.

    Carla Marques 


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