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Hoje é o teu dia.

O Dia da Criança.

Claro que o dia da criança deve ser todos os dias, mas pronto, neste dia vais ouvir falar mais de ti, e do que as pessoas desejam para ti.

Se calhar nem vais perceber tudo aquilo que as pessoas dizem (as pessoas crescidas usam palavras muito complicadas, “cidadania”, “interação”, coisas assim,) mas não te preocupes que é tudo para teu bem.

Porque o que as pessoas querem, no fundo, é que tu tenhas uma boa educação e sejas muito feliz.

Quando eu tinha a vossa idade, ninguém me ligava nenhuma (nessa altura ainda não havia o Dia da Criança…) e então as únicas pessoas que falavam comigo, que gostavam de mim…eram a personagens dos livros que eu lia. Por isso eu nem conseguia entender as crianças como eu que diziam que não gostavam de ler. Porque, para mim, ler era tão natural como almoçar ou jantar, fazia parte da minha vida.  E os crescidos lá de casa, para eu estar sossegada e não os aborrecer, deixavam-me ler todos os livros que lá havia. O que eu aprendi com eles…Havia um livro que eu adorava, chamado “A Princesinha” (acho que já ninguém o publica agora, o que é triste), a história de uma menina muito rica, num colégio muito fino, mas que depois ,quando o pai morre, fica muito pobrezinha e vai servir como criada no tal colégio fino onde tinha estado antes. Terrível… E ainda hoje, à distância de 70 anos, me lembro de uma das frases que ela dizia: “mesmo nos momentos de maior tristeza, nunca devemos perder a dignidade e o requinte”.

Podes ter a certeza: encontras nos livros tudo aquilo de que precisas. Histórias que te farão rir muito, histórias que te farão chorar—o que também é preciso.

E se não gostares do livro que lês… larga-o e vai buscar outro. Quem sabe se, daqui a uns anos, o livro que puseste de lado não será o teu livro preferido?

Alice Vieira