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    Jogos online: a dependência silenciosa

    Jogos online: a dependência silenciosa

    3/4/2020

    Estou a jogar online. É cada vez mais fixe. Já estou num nível superavançado.

                  Muitos jovens pensam constantemente em jogos online ou em videojogos.

                  Os meus pais já tentaram proibir-me de jogar porque achavam que eu passava muito tempo a jogar. Mas eu gritei imenso, bati com as portas, não jantei. Eles acabaram por ceder.

                  Qualquer reação violenta ou desproporcionada face à privação do jogo indicia uma dependência obsessiva.

                  Antigamente passava uma hora ou duas a jogar. Agora consigo estar cinco ou seis. Até já fiz diretas.

                  O aumento gradual do número de horas de jogo reflete a necessidade cada vez maior de estar a jogar e uma incapacidade de autocontrolo.

                  Quando os meus pais me perguntam quanto tempo passei a jogar, digo sempre menos. Dispenso sermões.

                  Um jogador dependente mente porque as consequências da verdade podem retirar-lhe o bem-estar que o jogo lhe garante.

                  Antigamente praticava futebol, mas desisti. Tínhamos treinos a mais. Prefiro ficar em casa.

                  A dependência excessiva do jogo afasta os jovens de outras atividades, limitando as suas experiências de vida.

                  Às vezes, estou nas aulas e estou a imaginar o jogo à minha frente. Penso em táticas e estratégias para vencer as dificuldades. É tão real que o meu coração dispara.

                  Num grau avançado de dependência o jogador está sempre em “modo” de jogo, tendo dificuldade em libertar-se deste perfil psicológico.

                  Já me aconteceu faltar às aulas para ir jogar um bocado. As aulas são uma seca. Prefiro jogar a estudar.

                  A escalada da presença do jogo na vida de um jovem tem influências negativas: os maus resultados escolares começam a aparecer.

                  Agora já nem falo muito com os meus amigos da escola. Prefiro a malta da minha guilda. É cada um do seu país, mas somos mesmo amigos.

                  A dependência do jogo pode destruir as relações de amizade, ou mesmo relacionamentos amorosos reais. Os jogadores preferem o sentimento de pertença à comunidade online e perdem a consciência da importância do real.

                  Quando jogo, sou mesmo bom. Todos me admiram. Sou um dos melhores no ranking.

                  A vitória no jogo aumenta a autoestima e permite um sentimento de bem-estar que o jogador procura a todo o custo manter.

                  Os sinais são muitos. As dependências do jogo são reais e não são apenas fases do crescimento que se ultrapassarão com o tempo. É preciso estar informado e atento, porque todo o excesso é uma dependência e implica desordem de personalidade. É preciso sabê-lo e agir no momento certo. 


    Por Carla Marques 

    • Pais e família