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Diz-me o que comes e descobre quem és
10/14/2023
O impacto da alimentação na nossa saúde é conhecido e deve ser uma das nossas preocupações, mas não deve ser a única: a forma como produzimos e consumimos alimentos está a colocar em risco não apenas a nossa saúde, mas também a saúde do planeta.
Se mantivermos as nossas atuais dietas, continuaremos a causar elevados impactos no planeta, muitos dos quais potencialmente irreversíveis, tornando-o num local cada vez mais inóspito. Por outro lado, o aumento previsto da população global em mais de 2 mil milhões até 2050 vai acarretar a escalada da procura de alimentos e dos impactos ambientais que o planeta não está preparado para assimilar. Perante este cenário, o grande desafio é, por um lado, reduzir drasticamente a pegada ambiental da nossa alimentação, que está a provocar a destruição de ecossistemas em todo o mundo e, por outro, alimentar a população mundial.
Vamos a factos?
Atualmente a produção de alimentos ocupa cerca de 40% da superfície terrestre habitável e é o principal motor da perda de biodiversidade.
A produção alimentar contribui para cerca de 26% das emissões globais de gases com efeito de estufa, prevendo-se que esta quota duplique nos próximos anos.
Carne, aquicultura, ovos e laticínios utilizam mais de 80% das terras agrícolas mundiais e contribuem para quase 60% das emissões dos alimentos.
Só o consumo europeu foi responsável por 16% da desflorestação associada ao comércio internacional.
Perante este cenário, o que podemos fazer?
Uma das soluções-chave é procurarmos formas mais sustentáveis de consumir: comer de forma mais variada e reduzir o consumo excessivo (principalmente de carne e laticínios), evitar alimentos processados e privilegiar produtos frescos, sobretudo frutas e vegetais, respeitando a sazonalidade e, se possível, de agricultura sustentável, local e com origem em comércio justo.
A transição agroecológica é imperativa e, como tal, exigem-se ações concretas não só ao nível da redução dos impactos da produção agropecuária e diminuição do desperdício alimentar, mas também da adoção de hábitos de consumo com menores impactos ambientais.
Para ajudar os consumidores a compreenderem o impacto das suas escolhas, a ANPlWWF lançou o Guia de Consumo de Proteína em Portugal, que apresenta a avaliação ambiental da produção agro-pecuária em Portugal, focando-se nos impactos sobre a biodiversidade e na pegada climática.
https://wwfeu.awsassets.panda.org/downloads/guiadeconsumodeproteinaemportugal.pdf
São várias as conclusões que podemos tirar deste Guia, mas a principal é que é fundamental considerar não só aquilo que comemos, mas a forma como estes alimentos são produzidos e qual a sua proveniência. Algumas recomendações do estudo são, por exemplo:
1) Privilegiar as proteínas de origem não-animal, tal como os cereais, leguminosas e cogumelos, principalmente de produção nacional biológica.
2) Privilegiar a produção pecuária biológica ou extensiva (ao ar livre e com acesso a pastagens), ao invés da produção convencional intensiva.
3) Nas carnes, privilegiar as de aves e de suínos provenientes de agricultura biológica e não as carnes de bovinos, ovinos ou caprinos, que têm o pior desempenho ambiental.
4) Evitar o consumo de queijo, com a exceção do queijo biológico de vaca, cabra ou mistura
Este Guia de Consumo surge no âmbito do projeto Eat4Change, uma iniciativa internacional que pretende promover a adoção de dietas sustentáveis junto de jovens entre os 15 e os 35 anos.
https://eat4change.natureza-portugal.org/
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ANP|WWF