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    Errando, chegam lá!

    Errando, chegam lá!

    11/22/2022

    É verdade que, aos olhos de muitos pais, a avaliação que os seus filhos fazem de si próprios não é a melhor. É isso que os leva a reconhecer que eles terão uma baixa autoestima. A estima a que os pais se referem será a estima, de estimativa. Não tanto a estima do apreço ou da afeição. Embora as duas de cruzem. Seja como for, quando fazem uma estimativa acerca daquilo que valem, as crianças parecem não se ter na maior das considerações.

     A baixa autoestima estará a tornar-se numa espécie de epidemia atípica, tal é a forma como os pais a evocam. À parte do jeito como os pais se alarmam, às vezes, dum modo um pouco exagerado, o que é que está a gerar esta espécie de insegurança nas crianças?

     Sente-se que as crianças vivem num tempo duma exigência absurda em relação a si próprias. Como se todos esperássemos que tenham sempre bons resultados, sobretudo muito depressa. Independentemente da qualidade das escolas, da organização curricular, dos professores ou dos cuidados que os pais dedicam à aprendizagem. E parecemos reagir com alarme sempre que erram, se engasgam ou se falham. Eu alerto os pais para o desejo, legítimo, dos filhos serem “bons”. Mas recordo-lhes que, quando eles não se sentem “bons a tudo”, acabam, numa lamúria, a concluir que “não prestam para nada”. Todavia, haverá alguém que, sendo pequenino e estando a aprender, vivendo debaixo duma exigência de resultados que não é meiga, e repartindo o seu crescimento entre a escola e um quase sem-número de atividades seja bom a tudo?…

     Seja como for, cresce-se feliz com uma “baixa autoestima”? Não. É-se ousado, afoito e guerreiro? Dificilmente. E resiliente, paciente ou perseverante? Também não. É, então, altura de os pais darem espaço às inseguranças (inevitáveis) do crescimento das crianças. São as pequenas dores que se ultrapassam que criam a imunidade à dor. Por isso, precisamos de parar esta deriva que nos leva a exigir às crianças que sejam boas, boas e boas. Errando elas chegam lá! Dêem-lhes tempo. Mas deixem-nas ser crianças. A autoestima cresce com as dores do crescimento. Exigindo demais e protegendo-as em excesso tudo se torna mais difícil. Crescer sem errar o melhor que lhes traz é o medo de crescer.

    Por Eduardo Sá


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