Categorias

Leopardos-da-pérsia
2/22/2022
Os Leopardos-da-pérsia (Panthera pardus saxicolor), estão criticamente em perigo, segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, sobrevivendo apenas alguns grupos em determinadas zonas, o que o torna numa das subespécies de Leopardo mais ameaçadas. A população total dos Leopardos-da-pérsia em estado selvagem está estimada em 870 a 1290 indivíduos, com uma distribuição muito fragmentada.
Este felino encontra-se ameaçado pela redução do habitat natural, pela caça para o comércio ilegal da pele e dos ossos, bem como pela perseguição direta por ser considerado um predador do gado doméstico é visto como uma ameaça pelas povoações locais.
Por este motivo a WWF e a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) contactaram a EAZA – Associação Europeia de Zoos e Aquários – da qual o Jardim Zoológico é um dos membros fundadores, para que algo fosse feito de forma a reverter este processo na região do Cáucaso, Rússia. A EAZA é uma associação que, para além de determinar os padrões de qualidade e bem-estar em Zoos e Aquários para os seus membros, privilegia a reprodução de espécies para futura reintrodução em habitat natural. No Jardim Zoológico, por exemplo, 90% das espécies que aqui habitam pertencem a um programa de reprodução.
Este cenário tornou o programa de reintrodução no Cáucaso ainda mais importante, pois permitiu o estabelecimento de uma população sustentável para esta zona histórica. A contribuição de um zoo, com o know how de tratamento e maneio da espécie é fundamental, para que todo o processo seja adequado e tenha uma taxa de sucesso elevada. O Jardim Zoológico participa no Programa Europeu de Reprodução desta espécie (EEP) tendo sido escolhido para colaborar neste programa, pois o índice de reprodução no parque é bastante elevado, em particular de Leopardos-da-pérsia.
Para isso, contou com a renovada Encosta dos Felinos que cresceu no que diz respeito às possibilidades de utilização pelos animais. Com estas simples, mas importantes alterações, é possível tirar o proveito máximo do espaço disponível enquanto se promove o bem-estar e a reprodução das espécies: em instalações naturalistas, os animais encontram os estímulos necessários ao seu desenvolvimento natural. Trepar, marcar território, encontrar refúgio e caçar são alguns dos seus comportamentos naturais. É fundamental que o local em que os animais vivem lhes proporcione as condições necessárias ao desempenho desses comportamentos. Desta forma promove-se o bem-estar animal e a sua reprodução. Uma equipa multidisciplinar incluindo tratadores, jardineiros, veterinários entre tantos outros profissionais trabalham em conjunto na melhoria constante destes espaços para o aumento do bem-estar dos animais que têm ao seu cuidado.
Para a Encosta dos Felinos, o Jardim Zoológico contou ainda com a experiência de Marianne Hartman, especialista em comportamento de felinos e membro do Cat Specialist Group (IUCN) e Behaviour Advisor do TAG (Taxonomic Advisory Group) e do grupo de felinos da EAZA, sobretudo no trabalho conjunto realizado na instalação dos Leopardos-da-pérsia.
O resultado é a manutenção de animais saudáveis e a sua reprodução o que permite, sempre que necessário, a sua integração em programas de reintrodução no habitat natural.
Este processo de reintrodução teve início em 2012 com um casal de Leopardos-da-pérsia que viajou desde Sete Rios até ao Cáucaso, na Rússia, onde estabeleceram um programa de reintrodução no habitat natural. Numa primeira fase, este casal foi integrado no centro de reprodução da Reserva Natural do Cáucaso na Rússia e em 2013 teve a sua primeira ninhada de 3 crias. Três anos depois, a Vitória, uma das crias, foi escolhida para povoar a Reserva da Biosfera do Cáucaso, uma área protegida de 3.000 Km2 onde residem dezenas de espécies raras.
Quando a sobrevivência de uma espécie depende da reintrodução de animais na Natureza, o nascimento de novas crias é o maior contributo possível para a conservação dessa espécie. E o papel dos Jardins Zoológicos é fundamental para esse objetivo comum, sendo que este caso veio comprovar que organizações ambientalistas como a WWF ou a IUCN e zoos trabalham bem em conjunto.