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Dezembro cheira sempre a Natal. Nem os excessos consumistas que tantas vezes nos desgostam impedem que se respire um ar mais fraterno e solidário. E 20 de Dezembro, a poucos dias do Natal, é precisamente o Dia Internacional da Solidariedade Humana – instituído pela Organização das Nações Unidas em 2005. Uma data em que se procura sublinhar a importância da ação coletiva para ultrapassar os problemas globais e para alcançar maior e melhor desenvolvimento humano à escala nacional e planetária. A solidariedade humana como forma de combater a pobreza não deveria, contudo, repousar na caridade fácil, tantas vezes humilhante; mas sim na capacidade de os governos eleitos pelos povos honrarem os seus compromissos na promoção da justiça social e de maior igualdade e bem-estar. Que essa capacidade seja também a de fortalecimento dum estado social qualificado, concreta expressão duma solidariedade empenhada em erradicar a pobreza e a fome. E que o célere alargamento da vacinação anti-COVID ao mundo inteiro constitua um efetivo sinal de solidariedade à escala internacional.

 

Este é o país…

Este é o país de dar a mão,

tomar a mão e ser operário da solidariedade.

Este é o país de o necessário

e não o mínimo, ou menos que o mínimo, 

dar a quem trabalhe.

Este é o país

em que a compaixão e a caridade se não confundem,

o país em que a solidariedade

não chega a rimar com a caridade.

Este é o país em que o sentido do individual

se não impõe ao do coletivo.

Este é o país em que o desamparo de um,

o desamparo de muitos

não deixam indiferentes nenhum olhar, nenhum ouvido,

nenhum sentir.

Este é o país em que construir a casa comum

é a condição de se ser indivíduo

e em que o amor

é a condição de se ser pessoa.

Este é o país

que contigo, convosco, com eles

ainda sonho.

 

Ana Roiz